Morfologia e biologia floral de Tibouchina bradeana Renner (Melastomataceae), uma espécie com polinização vibrátil
Palavras-chave:
Anteras poricidas, Biologia floral, Polinização vibrátil, Melittophily, T. bradeanaResumo
A morfologia e a biologia floral estão intimamente vinculadas às formas de polinização das espécies vegetais, visto que animais e plantas evoluíram conjuntamente direcionados pela estreita relação de subsistência. Este trabalho teve como objetivo avaliar as características reprodutivas de T. bradeana, propondo um sistema de polinização com base nas características florais, na Restinga da APA de dunas do Abaeté, em Salvador, Bahia. Pode-se propor diante das características morfológicas a polinização por melitofilia, realizada por grupos de abelhas que possuem capacidade de vibrar e remover os grãos polínicos das anteras, como as espécies Xylocopa spp., compatíveis morfologicamente com os verticilos florais e mencionadas na literatura como visitantes florais em T. bradeana nesta região de restinga. O estigma e os grãos de pólen são temporariamente compatíveis, no entanto, estima-se a existência de polinização cruzada devido à separação espacial dos órgãos reprodutivos e à presença de uma quantidade muito maior de grãos de pólen do que os óvulos.
Referências
AGAREZ, F. V. Botânica: taxonomia, morfologia e reprodução dos angiospermae: chaves para determinação das famílias. Rio de Janeiro: Âmbito cultural. 1994. 2 ed.
BARRAL, C. E.; LOPES, A. V. F. Sistemas de polinização e de reprodução de Tibouchina multiflora Cogniaux (Melastomataceae) em área de Caatinga no Parque Nacional do Catimbau, PE. CTG – UFPE. 2011. 5p.
BARROSO, G. M. Sistemática de angiospermas do Brasil. Viçosa- MG. Universidade Federal de Viçosa. 1991.
BAWA, K. Plant-pollinator interactions in tropical Rain-forests. Annual Review of Ecology, Evolution and Systematics. vol. 21, 1990, p. 399-422.
BEZERRA, E. L. DE S.; MACHADO, I. C. Biologia floral e sistema de polinização de Solanum stramonifolium JACQ. (SOLANACEAE) em remanescente de mata Atlântica, Pernambuco. Acta Botanica Brasilica. vol. 17, n. 2, 2003, p. 247-257.
BUCHMANN, S. L. & HURLEY, J. P. A Biophysical Model for Buzz Pollination in Angiosperms. Journal of Theoretical Biology. vol. 12, 1978, p.639-657.
BUCHMANN, S. L. Buzz pollination in angiosperms. In: Handbook of Experimental Pollination (C. E. Jones & R. J. Little, eds.). Van Nostrand Reinhold, New York. 1983, p. 73-113.
CARON, D. M. Neotropical pollination: crisis, crossroads and conservation. Entomological Society of America. Lanham, Maryland, 2001. p.113-156.
CLAUSING, G. & RENNER, S. S. Molecular phylogenetics of Melastomataceae and Memecylaceae: Implications for character evolution. American Journal of Botany. n. 3, 2001, p. 486-498.
CRUDEN, R. W. Pollen-ovule ratios: a conservative indicator of breeding systems in flowering plants. Evolution. n. 31, 1977, p.32-46.
DAFNI, A. F.; KEVAN, P. G.; HUSBAND, P. G. 2005. Practical Pollination Biology. Canada: Enviroquest, 2005, 590p.
DAFNI, A. & MAUÉS, M. M. A. Rapid and simple procedure to determine stigma receptivity. Sexual Plant Reproduction. n. 11, 1998, p. 177-180.
DARWIN, C. On the various contrivances by which British and foreign orchids are fertilized by insects. Murray, London, England. 1862.
FABBRO, T. AND KÖRNER, C. Altitudinal differences in flower traits and reproductive allocation. Flora. n.199, 2004, p.70-81.
FAEGRI, K. & VAN DER PILJ, L. The principles of Pollination Ecology. 3 ed. London: Pergamom Press, 1979. 244p.
FENSTER, C. B.; ARMBRUSTER, W. S.; WILSON, P.; DUDASH, M. R. & THOMSON, J. D. Pollination syndromes and floral specialization. Annual Reviews of Ecology. Evolution and Systematics, vol. 35, 2004, p. 375-403.
FIGUEIREDO, R. A. Biologia floral de plantas cultivadas: Aspectos teóricos de um tema praticamente desconhecido no Brasil. Faculdades de Educação, Ciências e Letras e Psicologia Padre Anchieta. Argumento. n. 3, 2000.
FRANKIE, G. W.; HABER, W. A.; OPLER, P. A. & BAWA, K. S. Characteristics and organization of large bee pollination systems in the Costa Rican dry forest. 1983, p. 411-447. In: C. E. Jones, & R. J. Little, (Eds.) Handbook of experimental pollination biology. Van Nostrand & Reinhold, New York.
GOLDENBERG, R. & VARASSIN, I. G. Sistemas reprodutivos de espécies de Melastomataceae da Serra do Japi, Jundiaí, São Paulo, Brasil. Revista brasileira de Botânica. vol. 24, n. 3, 2001, p. 283-288.
GUREVITCH, J.; SCHEINER, S. M.; FOX, G. A. Ecologia Vegetal. Porto Alegre: Artmed, 2009. 592 p.
HOKCHE, D. O. & RAMÍREZ, N. Sistemas reproductivos em espécies de Melastomataceae em Lagran Sabana (Estado Bolívar, Venezuela). Acta Botánica Venezuelica. vol. 31, n. 2, 2008, p. 387-408.
HOFFMANN, G. M & VARASSIN, I. G. Variação da viabilidade polínica em Tibouchina (Melastomataceae). Rodriguésia. vol. 62, n 1, 2011, p. 223-228.
JOLY, A. B. Botânica: Introdução à taxonomia vegetal. São Paulo: Companhia Editora Nacional. 2002. 13ª ed.
KEARNS, C. A. & INOUYE, D.W. Techniques for pollination biologists. Colorado University Press, Colorado. 1993.
KEVAN, P. G. & BAKER, H. G. Insects as flowers visitors and pollinators. Annual Review of Entomology. vol. 28, 1983, p. 407-453.
KÖPPEN, W. & GEIGER, R. Klimate Erde. Gotha: Verlag Justus Perthes. Wall-map 150 cm x 200 cm. 1928.
LORENZI, H. Plantas ornamentais no Brasil: arbustivas, herbáceas e trepadeiras. São Paulo: Plantarum. 2001. 3 ed.
MACHADO, I. C. S.; LOPES, A. V. Floral traits and pollination systems in the Caatinga, a Brazilian tropical dry forest. Annals of Botany. vol. 94, 2004, p.365-376.
MARTINS, F. Q. Sistemas de polinização em fragmentos de cerrado na região do Alto Taquari (GO, MS, MT). São Paulo: UFSCAR. 91 p. Dissertação: Mestrado em Ecologia e Recursos Naturais, Universidade Federal de São Carlos, São Paulo, 2005.
MELLO, Nei B. de. Guia prático do apicultor. São Paulo: Ground, 1989.
MATSUMOTO, K.; MARTINS, A. B. Melastomataceae nas formações campestres do município de Carrancas, Minas Gerais. Hoehnea. vol. 32, n. 3, 2005, p. 389-420.
PEREIRA-ROCHA, A. C. Variação de cores e perfumes alteram a visitação por Himenópteros nas quaresmeiras? Mestrado em Ecologia e Conservação. Curitiba: UFPA. Universidade Federal do Paraná. 2008. 30p.
PEREIRA, A. C.; SILVA, J. B.; GOLDENBERG, R.; MELO, G. A. R.; VERASSIN, I. G. Flower color change accelerated by bee pollination in Tibouchina (Melastomataceae). Flora, n. 206, 2011, p. 491-497.
PIEDADE, L. H. Biologia da polinização e reprodutiva de sete espécies de Convolvulaceae na caatinga no sertão de Pernambuco. Tese de doutorado. Instituto de Botânica da Universidade Estadual de Campinas. São Paulo. 1998. 123 p. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/315443. Acesso em: 03 mar. 2018.
PRIMACK, R. B. Longevity of individual flowers. Annual Review of Ecology and Systematics, vol. 16, 1985, p. 15–37.
PROCTOR, M. & YEO, P. The pollination of flowers. In: Handbook of experimental pollination biology. Jones, C. E. & Little, R. J. (Eds.) Scientific and Academic Editons, New York. 1973. 418p.
PROCTOR, M., YEO, P. & LACK, A. The Natural History of Pollination. Harper Collins, London. 1996.
RAMÍREZ, N. Reproductive biology in a tropical shrubland of Venezuelan Guayana. Journal of Vegetation Science. v. 4, 1993, p. 5-12.
RENNER, S. S. A survey of reproductive biology in neotropical Melastomataceae and Memecylaceae. Annals of the Missouri Botanical Garden, v. 76, 1989, p. 496-518.
ROUBIK, D. W. Ecology and natural history of tropical bees. Cambridge: University Press. 1989. 514p.
ROSAS-GUERRERO, V. A. R.; MARTÉN-RODRÍGUEZ, S.; ASHWORTH, L.; LOPEZARAIZA-MIKEL, M.; BASTIDA, J. M. AND QUESADA, M. A quantitative review of pollination syndromes: do floral traits predict effective pollinators? Ecology Letters, vol. 17, 2014, p. 388–400.
SCOGIN, R., YOUNG, D. A., JONES, C. E. Anthochlor pigments and pollination biology: II. The ultraviolet patterns of Coreopsis gigantea (Asteraceae). Bulletin of the Torrey Botanical Club. v.. 104, 1977, p.155-159.
SCOGIN, R. Visible floral pigments and pollinators. In: Jones, C.E. & Little, R.J. (eds.). Handbook of experimental polination biology. Scientific and Academic Editons, New York. 1983. p. 160-172.
SILVA, J. B. da. Biologia das interações entre as visitantes florais (Hymenoptera, Apidae) e Tribouchina pulchra Cogn. (MELASTOMATACEAE). Curitiba: UFPR. Universidade Federal do Paraná. Curitiba. 2006.
SILVA-PEREIRA, V.; NAXARA, S. R. C.; SILVA, F. H. M. Sistema de polinização em Tibouchina barnebyana Wurdack (Melastomataceae) - biologia floral e palinologia. P. 49-57. In: Biologia e Ecologia da Polinização: Cursos de campo. EDUFBA: Editora da Universidade Federal da Bahia. 2006. 150 p. il.
SOUZA, V. C.; LORENZI, H. Botânica Sistemática: guia ilustrado para identificação das famílias de Angiospermas da flora brasileira, baseado na APG II. Nova Odessa. SP: Instituto Plantarum. 2005.
TAVARES, L. F. B. Simetria e movimento. São Paulo: Copyright. 2008. 1ª ed.
VIANA, B. F.; SILVA, F. O.; KLEINERT, A. M. P. A flora apícola de uma área restrita de dunas litorâneas, Abaeté, Salvador, Bahia. vol. 29, n. 1, 2006, p. 13-15.
VIANA, B. F.; KLEINERT, A. M. P; SILVA, F. O. Ecologia de Xylocopa (Neoxylocopa) cearensis (Hymenoptera, Anthophoridae) nas Dunas litorâneas de Abaeté, Salvador, Bahia. Iheringia, vol. 92, n. 4, 2002, p. 47-57.
VOGEL, S. Blütenbiologische Typen als Elemente der Sippenglie- derung: dargestellt anhand der Flora Südafrikas. Botanische Studien. vol. 1, 1954, 1–338.
WILLMER, P. Pollination and Floral Ecology. Princeton University Press, NJ, USA. 2011.
WILSON, P.; CASTELLANOS, M. C.; HOGUE, J. N.; THOMSON, J.S D.; ARMBRUSTER, W. S. A multivariate search for pollination syndromes among penstemons. Oikos, vol. 104, 2004, p. 345–361.